Como o New York Excelsior destronou o Seoul Dynasty?

Eles eram os reis da Overwatch League até a última sexta-feira, dia 26 de janeiro. Os sucessores da Lunatic-Hai, o time mais bem sucedido da história do Overwatch, se reforçaram com o favorito ao título de MVP da temporada, Fleta, e pareciam ser imparáveis.

Mas, até o dia 26 de janeiro, eles não tiveram nenhum grande desafio na competição. Enquanto isso, um velho conhecido também estava se fortalecendo: New York Excelsior, os sucessores dos Luxury Watch Red e Blue (ambos da mesma organização). E, assim como todos os times da liga, eles tinham um objetivo: destronar o Seoul Dynasty.

COMO ELES CONSEGUIRAM?

Eu tenho uma maneira simples de ver o Overwatch: os dois times que estão jogando tem um fator de vitória. Esse fator de vitória é a característica que esse time tem que exercer para vencer, diante das condições do jogo, como mapa, composições e o estilo de jogo dos jogadores. O vencedor será o time que melhor exercer o seu fator de vitória e impossibilitar o fator de vitória do adversário.

Seoul Dynasty tem um fator de vitória bem claro: propiciar ao Fleta o controle do jogo, principalmente nos seus heróis hitscan. Já o New York Excelsior teve dois fatores de vitória diferentes nessa partida, se intercalando durante os mapas, e Seoul não conseguiu reconhecê-los. Para evitar que o texto fique muito extenso e cansativo, vou fazer a análise apenas dos mapas em que New York venceu: Eichenwalde, Oasis e Lijiang.

DEFENDENDO EM EICHENWALDE

Imaginando um dive de Seoul com Fleta na Pharah, New York já sabia que eles não teriam nenhum herói para contestar uma Pharah, além do próprio Fleta. New York começou a partida numa comp Orisa + Roadhog, estabelecendo uma defesa estática no ponto, e isso se provou uma grande ideia. Como Seoul é um time com um dive forte, eles foram para o ataque com a intenção de conquistar espaço e fazer New York recuar. A questão é que, com uma defesa Orisa + Roadhog estática, tudo bem recuar, o que eles mais querem é manter o time junto e compacto.

Para pressionar o time de New York na defesa, eles precisaram usar a ameaça dos foguetes aéreos do Fleta na Pharah. Se o Fleta está fazendo isso, ao invés de estar contestando a Pharah do Libero, o Libero tem toda a liberdade do mundo para acabar com o ataque de Seoul.

Seoul só consegue quebrar essa defesa quando, surpreendentemente, o seu Zenyatta Ryujehong consegue flanquear a equipe de New York por trás, indo parar quase na porta do spawn deles (Acidente ou proposital? Ninguém sabe como Ryujehong foi parar lá). A partir desse momento, tendo a ameaça de um jogador como Ryujehong nas suas costas, New York teve que dividir sua atenção entre o ponto e a parte de trás do mapa. Só assim Seoul conseguiu encaixar um bom dive e conquistar o primeiro ponto.

No segundo ponto, Seoul deixa pela primeira vez o seu fator de vitória exposto: a Widowmaker do Fleta. A equipe de Seoul é muito elogiada pelo seu poder de reação durante a partida, se adaptando à estratégia do adversário para neutralizá-la. A diferença é que New York não tentou se adaptar ao estilo de jogo de Seoul, New York se preparou para enfrentar Seoul. Desde o começo eles sabiam o que deviam fazer e propuseram o jogo ao Dynasty.

New York vem defender o segundo ponto com uma comp full dive: Winston, D.Va, Tracer e Genji. Primeiro de tudo, a Tracer do Saebyeolbe foi designada a conter o flank de Munchkin, a Tracer de Seoul. E a Tracer do Saebyeolbe está a anos-luz de distância da Tracer do Munchkin. Ao longo da série inteira nós vimos Saebyeolbe não permitir ao Munchkin fazer nada no jogo.

Mas o verdadeiro problema aqui é a Widowmaker do Fleta. Mandar o Genji em cima dela é uma das soluções mais comuns, mas New York sabia que isso não funcionaria com uma Widowmaker de nível tão alto. Ao invés disso, eles mandaram Winston (Mano) e Libero (Genji), dois heróis que conseguem se virar bem sozinhos, para o meio do campo, para começarem uma team fight. Os dois eram apenas iscas para o time de Seoul, que instintivamente fez o dive nos dois “alvos indefesos”.

Seoul morde a isca e deixa Fleta completamente exposto na Widowmaker. Inteligentemente, New York manda o seu herói com a menor chance de cair diante de uma Widowmaker: a D.Va (Meko). Uma vez que Fleta foi eliminado e Munchkin está neutralizado pelo Saebyeolbe, Seoul não tem poder de fogo para vencer uma team fight. O ataque de Seoul parou no segundo ponto.

ATACANDO EM EICHENWALDE

Eu repito: o Excelsior não esperou para ver o que Seoul faria, o Excelsior se preparou. Eles sabiam o que eles iriam fazer desde o início.

New York foi para o ataque com a dupla de tanks D.Va e Roadhog, além dos DPS’s Pharah e Tracer. A grande característica dessa dupla de tanks é que ela é uma das melhores para proteger a dupla de suportes, pois, ela conta a matriz de defesa para segurar dano e o gancho do Roadhog para fazer o peeling nos flankers.

Assim, Munchkin (Tracer) está inutilizado na batalha, porque, ele não é capaz de vencer o 1x1 contra o Saebyeolbe e não é capaz de atacar os suportes na backline. New York já começou a team fight na vantagem de 6x5 somente na escolha das comps.

Inteligente, Fleta usou a capacidade de se adaptar e selecionou o McCree, um herói que é bom em counterar tanto a Pharah (Libero) quanto a Tracer. O problema é que, sem o poder de fogo do Munchkin em jogo, acumulam em Fleta a função de lidar com a Pharah e a Tracer ao mesmo tempo, enquanto ambas estão focando nele também. Mais uma vez, sem seus DPS’s, é questão de tempo até a equipe de Seoul desmoronar.

No primeiro push de New York no ataque ao segundo ponto, Seoul consegue repelir com sucesso o ataque, deixando só um jogador do Excelsior escapar: Saebyeolbe, e é nesse momento que Saebyeolbe faz uma das jogadas cruciais da série.

Enquanto seu time volta do respawn e se prepara para atacar, Saebyeolbe está infernizando a vida do Fleta na Widowmaker. Lembra do fator de vitória de Seoul? Propiciar ao Fleta o controle do jogo com a Widowmaker. Saebyeolbe não esqueceu desse fator e perseguiu o adversário. No momento em que o time de New York volta para o campo de ataque e Saebyeolbe volta para junto deles, Fleta não teve condições de se posicionar, tendo que recuar, ir para bem atrás do ponto, onde ele estaria seguro.

Mas isso não é o suficiente para o Saebyeolbe. A team fight começa quando ele cola uma pulse bomb no Fleta e tira ele da batalha. Sem a ameaça do maior DPS adversário, Mano, Libero e Jjonak tiveram a liberdade para atropelar Seoul.

OASIS

New York começa perdendo a primeira team fight no mapa jardins de Oasis. Para retomar, a dupla de tanks Meko (D.Va) e Mano (Roadhog) faz algo inacreditável, até agora eu ainda não entendi como eles conseguiram. Ambos foram até o ponto, serviram como isca para a atenção da equipe inteira de Seoul e conseguiram continuar vivos. Enquanto isso, Libero (Pharah)e Ark(Mercy) se posicionavam no ar, Jjonak (Zenyatta) se posicionava no fundo e Saebyeolbe (Tracer) entrou despercebido no meio do campo.

New York tinha os melhores ângulos para atacar Seoul quando a team fight começa, tudo por que Kuki (Winston), Munchkin (Tracer) e Tobi (Lúcio) ficaram ocupados contestando Mano no low ground, enquanto Zunba (D.Va), Fleta (Pharah) e Ryujehong (Mercy) ficaram ocupados contestando Meko no high ground.

No mapa centro da cidade de Oasis, a câmera estava focada na Pharah do Fleta voando alto, por isso, não vimos como o Saebyeolbe (Tracer) conseguiu iniciar a team fight levando Tobi (Lúcio) e Munchkin (Tracer) de uma vez só. Com essa desvantagem numérica Seoul perde a primeira team fight pelo ponto.

A partir daí, Seoul faz uma leitura errada, eles julgam que o fator de vitória deles é parar o Jjonak (Zenyatta). New York aceita e se defende, fazendo o peeling para o Jjonak (caso você não saiba o que é peeling, eu expliquei na última análise, aqui). O fator de vitória de New York nesse mapa é manter Saebyeolbe intocado e despercebido na Tracer. Apesar de Seoul ter conseguido levar o Jjonak, Saebyeolbe estava levando Zunba ( D.Va) e Munchkin, enquanto ajudou Mano (Roadhog) a levar Tobi. No final das contas, Seoul trocou 3 jogadores para levar apenas 1.

A partir daí, Saebyeolbe passou a ficar do lado de Jjonak na backline, protegendo-o e impedindo Munchkin de tentar flanqueá-lo. Mano e Meko cresceram na partida, Kuki e Zunba não conseguiram fazer frente a eles.

LIJIANG

No último mapa da série, Seoul finalmente acertou na sua leitura de jogo: substituiu Munchkin por Bunny, para ter um confronto de Tracers mais equilibrado, e colocou Fleta no Soldier 76, no mapa mercado noturno de Lijiang. A estratégia de Seoul funcionou, contendo a Pharah do Libero e as investidas de New York ao ponto.

New York, então, aposta de novo na composição full dive. A partir desse momento, vemos batalhas de Overwatch do mais alto nível mecânico possível, predominados pelo counter-dive (basicamente, fazer o dive no time que acabou de fazer o dive em você).

A entrada de Bunny em Seoul realmente surtiu efeito: ele conseguiu efetivamente caçar e eliminar Ark (Mercy). O problema, no entanto, é que o fator de vitória de New York era proteger o outro suporte, Jjonak (Zenyatta). Mesmo sem a sua Mercy em campo, o Excelsior foi capaz de virar o jogo mantendo Jjonak vivo, porque o Dynasty não tinha nenhum jogador tão perigoso em campo aberto quanto ele. Não com o Fleta no Soldier 76 ao invés do McCree, pelo menos.

O último mapa da série é jardins de Lijiang. New York sai na frente de Seoul por um erro muito estranho de Ryujehong: no meio do campo, enquanto a team fight estava no seu auge, Ryujehong tenta fazer uma ressurreição sem a valquíria. Tão exposto, Ryujehong foi facilmente eliminado e Seoul não teve sustentação para vencer a team fight.

Ao longo da partida, Bunny continuou sendo bem sucedido na sua caçada ao Ark, porém, Jjonak continuou inteiro para derrubar a equipe coreana. Méritos, também, ao Mano (Winston)e ao Meko (D.Va), que fizeram grandes jogadas de multi kills para fechar o jogo e coroar o New York Excelsior, pelo menos por enquanto.

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